Terceiro Movimento
Nesta cor transparente
espelho de tuas ruas orvalhadas
persigo viver...
Nesta avenida fria
muitos e mitos sucumbiram
pelo sonho que não vingou.
Nestes bancos de pedra, nestas praças
nestes rostos lívidos, sem graça
o meu sorriso vive ainda...
Neste meu jeito tímido e silente
dormita claras esperânças
em cálidas manhãs de setembro...
Nem em raros momentos de então
se escuta o Bem-Ti-Vi,
e perderam-se na amplidão
as cores vivas do arco-íris...
Nesta fuga de meu íntimo
pelo medo de te olhar
faz-se trevas os olhos meus
e emudece a aminha voz...
O vento ja passou
e dormes ao léu tal Orfeu embriagado
esquecido da luz
que um dia alí aportou...
Paulo Lobo
terça-feira, 29 de novembro de 2011
sábado, 26 de novembro de 2011
Caramba !!
Li entre surpresso e alegre um comentário de minha nobre colega, amiga e irmã Carmem Dolores ( Carminha) sobre o poema dedicado a Cachoeira, postado neste blog.
Caramba ! que bacana . Fico imensamente feliz em ter Carminha como leitora dessas minhas "coisinhas".
Carmem Dolores é uma destas pessoas de quem não se esquece jamais. Amiga marcante em minha vida pela sua inteligência, sensibilidade e o verdadeiro carinho que tem por mim e naturalmente tenho por ela.
As vezes demoro de encontrá-la, de vê-la. Entretanto, como mágica, é como se ela es tivesse sempre presente em minha vida.
Pois é Carmem Dolores, como esquecer as nossas serenatas na praça do correio, suas passadas rápidas na loja para um pequeno papo, os esbregues de meu velho e saudoso pai e você a me defender enfrentando-o bravamente... saudades do entardecer de Bom Jesus. Tantas coisas tão presentes ainda.
Ah minha doce amiga, que bom lhe encontrar agora, bebendo suas palavras cheias de doces lembranças.
Muitos e muitos beijos.
Paulo Sérgio
Caramba ! que bacana . Fico imensamente feliz em ter Carminha como leitora dessas minhas "coisinhas".
Carmem Dolores é uma destas pessoas de quem não se esquece jamais. Amiga marcante em minha vida pela sua inteligência, sensibilidade e o verdadeiro carinho que tem por mim e naturalmente tenho por ela.
As vezes demoro de encontrá-la, de vê-la. Entretanto, como mágica, é como se ela es tivesse sempre presente em minha vida.
Pois é Carmem Dolores, como esquecer as nossas serenatas na praça do correio, suas passadas rápidas na loja para um pequeno papo, os esbregues de meu velho e saudoso pai e você a me defender enfrentando-o bravamente... saudades do entardecer de Bom Jesus. Tantas coisas tão presentes ainda.
Ah minha doce amiga, que bom lhe encontrar agora, bebendo suas palavras cheias de doces lembranças.
Muitos e muitos beijos.
Paulo Sérgio
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
Causos do Xí
Essa crônica Marcus Lobo , o famoso Xí, escreveu nos idos de 1992.
.......................
Quando éramos criânças, à noite, costumáva-mos brincar de " artista" , quando o meu Pai dava permissão.
Numa dessas noites, a brincadeira estava animada. Lucas, Glória, Cacai e Paulinho ja haviam sido "rendidos". A decisão estava entre eu e Iza.
No grande jardim da Pitanga eu me arrastava entre os " crotos" tentando me camuflar para conseguir uma aproximação de Iza e surpreendê-la. Estava confiante que Iza ainda não havia percebido. Ja bem próximo dela, aguardava apenas que aparecesse para eu "rendê-la". Entretanto, eu é que fui surpreendido por ela.
Iza, ao perceber algo de suspeito atrás da "moita de croto", e para se certificar, jogou uma grande pedra que encontrou a minha cabeça como alvo. Neste instante, ao me levantar com a cabeça encharcada de sangue, ouví o grito: - Xí, se renda !!!.
Por Marcus Lobo ( Xí para os íntimos).
.......................
Quando éramos criânças, à noite, costumáva-mos brincar de " artista" , quando o meu Pai dava permissão.
Numa dessas noites, a brincadeira estava animada. Lucas, Glória, Cacai e Paulinho ja haviam sido "rendidos". A decisão estava entre eu e Iza.
No grande jardim da Pitanga eu me arrastava entre os " crotos" tentando me camuflar para conseguir uma aproximação de Iza e surpreendê-la. Estava confiante que Iza ainda não havia percebido. Ja bem próximo dela, aguardava apenas que aparecesse para eu "rendê-la". Entretanto, eu é que fui surpreendido por ela.
Iza, ao perceber algo de suspeito atrás da "moita de croto", e para se certificar, jogou uma grande pedra que encontrou a minha cabeça como alvo. Neste instante, ao me levantar com a cabeça encharcada de sangue, ouví o grito: - Xí, se renda !!!.
Por Marcus Lobo ( Xí para os íntimos).
ÓPERA DA CACHOEIRA EM DÓ MAIOR
Segundo Movimento
Pai, devolva-me esta Cidade
viva, brilhante como outrora,
quero senti-la, como conta sua história,
não sonhar, quero acreditar
que ainda há luz por esses becos,
que ainda há vida por essas praças,
que ainda não morreram seus heróis
nem sucumbiram seus ideais....
Pai, devolva-me um pouco desta poesia
um pouco da pura harmonia
do canto dos velhos titães...
Quero essas ruas cheias e vivas,
quero essa gente desperta e ativa
construindo suas ilusões...
quero um amor de menina
estremecendo os corações...
Pai, devolva-me esta Cidade,
como contava meus avós...
devolva-me Pai, tenho pressa
o tempo urge e se dispersa
no caminho da devastação.
Tudo está tão velho Pai...
devolva-me um Rio límpido,
uma Cidade livre, brilhando na amplidão...
Pai, devolva-me esta Cidade,
suas cantigas nos arrebóis,
suas noites curtidas
no sossego dos lençóis...
quero tê-la Pai, inda moça
na sua eternidade infinita
quero tê-la inda bonita
no verde de seus quintais...
Pai, devolva-me esta Cidade
com sua gente orgulhosa
de singela vaidade...
Pai, quero tela de volta,
com o heroismo de sua gente
com justiça e sem revolta...
quero sentir no meu corpo
essa doida esperãnça, esse breve sopro...
Pai, devolva-me esta Cidade
ja não tão gasta, ja não tão velha,
fazei este Rio cobri-la, lavá-la,
despi-la das teias, limpa-la,
fazei revivê-la agora....
Pai, transforma sua história
livra-a da maldita escória
fazei brilhar uma nova aurora...
Pai, devolva-me uma Cidade,
de céu azul, de lua cheia
de gente alegre vivendo
não numa caricatura de aldeia...
Pai, fazei sentir-se viva
ter dos sonhos uma certeza...
Pai, devolva-me esta Cidade logo,
retire-a da correnteza...
O Rio, Pai, corre, se alonga
negro e triste - testemunha muda
da dantesca destruição que alí ocorre.
Pai, de onde estás, acuda ! acuda!
a Cidade pouco a pouco morre...
Há um lamento, um sussuro sofrido
dessa gente que não se socorre.
Pai, devolva-me esta Cidade
como dantes, Heróica de verdade...
Paulo Lobo
Pai, devolva-me esta Cidade
viva, brilhante como outrora,
quero senti-la, como conta sua história,
não sonhar, quero acreditar
que ainda há luz por esses becos,
que ainda há vida por essas praças,
que ainda não morreram seus heróis
nem sucumbiram seus ideais....
Pai, devolva-me um pouco desta poesia
um pouco da pura harmonia
do canto dos velhos titães...
Quero essas ruas cheias e vivas,
quero essa gente desperta e ativa
construindo suas ilusões...
quero um amor de menina
estremecendo os corações...
Pai, devolva-me esta Cidade,
como contava meus avós...
devolva-me Pai, tenho pressa
o tempo urge e se dispersa
no caminho da devastação.
Tudo está tão velho Pai...
devolva-me um Rio límpido,
uma Cidade livre, brilhando na amplidão...
Pai, devolva-me esta Cidade,
suas cantigas nos arrebóis,
suas noites curtidas
no sossego dos lençóis...
quero tê-la Pai, inda moça
na sua eternidade infinita
quero tê-la inda bonita
no verde de seus quintais...
Pai, devolva-me esta Cidade
com sua gente orgulhosa
de singela vaidade...
Pai, quero tela de volta,
com o heroismo de sua gente
com justiça e sem revolta...
quero sentir no meu corpo
essa doida esperãnça, esse breve sopro...
Pai, devolva-me esta Cidade
ja não tão gasta, ja não tão velha,
fazei este Rio cobri-la, lavá-la,
despi-la das teias, limpa-la,
fazei revivê-la agora....
Pai, transforma sua história
livra-a da maldita escória
fazei brilhar uma nova aurora...
Pai, devolva-me uma Cidade,
de céu azul, de lua cheia
de gente alegre vivendo
não numa caricatura de aldeia...
Pai, fazei sentir-se viva
ter dos sonhos uma certeza...
Pai, devolva-me esta Cidade logo,
retire-a da correnteza...
O Rio, Pai, corre, se alonga
negro e triste - testemunha muda
da dantesca destruição que alí ocorre.
Pai, de onde estás, acuda ! acuda!
a Cidade pouco a pouco morre...
Há um lamento, um sussuro sofrido
dessa gente que não se socorre.
Pai, devolva-me esta Cidade
como dantes, Heróica de verdade...
Paulo Lobo
sábado, 12 de novembro de 2011
O Vale das Cachoeiras - Nossa Pitanga amada
As fotos acima mostram a nossa velha Pitanga transformada no Vale das Cachoeiras. Estamos preparando um local aprazível para acolher toda a Grande família Lopes Lobo. Temos avançado bastante no nosso objetivo maior - um Maravilhoso ponto de encontro de toda a Grande Família Lopes Lobo. Postarei em breve dias novas fotos atualizadas para que todos percebam o desenvolvimento positivo de nosso Vale.
Paulo Lobo
Paulo Lobo
Familia LopesLobo
A Familia Lopes Lobo se encontrou no Apto do Mano Nelsinho para celebração do amor contra as intempéries do destino.
Cunhadas e cunhadas
,Meus cunhados e cunhadas são maravilhosos. Gosto de mais de todos eles. Diferente apenas com relação a Marinez em razão da quase total ausência de convivência. Entretanto, gosto dela através do amor que Roberval lhe devota.
No meu último aniversário, fui tomado pela emoção ao receber de minha cunhada Janete a quem tenho especial carinho, a seguinte mensagem:
" Paulinho
A amizade é o sentimento mais precioso do mundo, pois não se compra, não se pede, se conquista.
Se no mundo inteiro existisse 10% da populaçãocomo você, a humanidade estaria salva !
Feliz aniversário e que Deus, nosso Criador, Nossa Senhora, Jesus e todos os espíritos de luz lhe abençõe, lhe guarde , proteja , lhe ilumine e abra seus caminhos.
São os votos de uma cunhada que lhe tem muito amor, quase como o de uma mãe.
Beijos,
Janete."
Guardei o singelo bilhete no meu baú onde guardo aquilo que considero preciosidade.
No meu último aniversário, fui tomado pela emoção ao receber de minha cunhada Janete a quem tenho especial carinho, a seguinte mensagem:
" Paulinho
A amizade é o sentimento mais precioso do mundo, pois não se compra, não se pede, se conquista.
Se no mundo inteiro existisse 10% da populaçãocomo você, a humanidade estaria salva !
Feliz aniversário e que Deus, nosso Criador, Nossa Senhora, Jesus e todos os espíritos de luz lhe abençõe, lhe guarde , proteja , lhe ilumine e abra seus caminhos.
São os votos de uma cunhada que lhe tem muito amor, quase como o de uma mãe.
Beijos,
Janete."
Guardei o singelo bilhete no meu baú onde guardo aquilo que considero preciosidade.
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Caro Elimar
É muito bom quando um cunhado é promovido a irmão. É o caso de Elimar. Não há na família uma única pessoa que não goste do " cabra macho gaúcho". Sujeito de gosto simples, alegria contagiante e de espontaneidade quase pueril. Devotado maridão de Glorinha e paizão do agitado "Dragão Negro".
É bom ter voçê conosco meu irmão. Fico feliz e tranquilo por saber que Glórinha tem a tua proteção, tua companhia , teu amor.
Paulo Lobo
É bom ter voçê conosco meu irmão. Fico feliz e tranquilo por saber que Glórinha tem a tua proteção, tua companhia , teu amor.
Paulo Lobo
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Tributo à Família Lobo - Por Paulo Matos
O amigo poeta Paulo Matos, que jogou na Alcatéia, homenageia nossa Família com um belíssimo texto.
Obrigado caro Poeta. "Nos teus olhos poeta, a clareza ingênua do lendário Dom Quixote...."
Obrigado caro Poeta. "Nos teus olhos poeta, a clareza ingênua do lendário Dom Quixote...."
Caro Poeta e Irmão PAULO LOBO,
A tecnologia tem uma coisa interessante: unir pessoas que estão longe pelos kilometros, mas eternizadas nas ações do passado que nos é relembrado. Descobri seu blog pela rapidez na internet. Confesso-te que voltei ao passado, relembrando dias idos ao lado desta linda família Lobo. Tive a honra e prazer de passar tardes maravilhosas na Biblioteca do saudoso Nelson Lobo, lendo Alexandre Dumas, Victor Hugo, Humberto de Campos, entre outros. Como aprendi perdido entre os tantos livros nesta sala de saber. Aquietava-me, descobrindo nas páginas dos livros um mundo recortado pelas letras e trazido à minha realidade pela sapiência do velho Nelson. Só não encontrava lá os livros de Jorge Amado, aquele a quem foi dada a missão de podar os sonhos integralistas do grande Lobo.
Uma saudade enorme toma conta de mim ao lembrar-me da velha cajazeira com seus frutos amarelos a despencarem nas águas correntes do Pitanga. Foram as melhores cajás que chupei na vida. Eram como frutos de ouro doados todos os anos pela mãe natureza. E as jaboticabas? Cortou-me o coração quando o trator derrubou o último pé para que se abrisse um grande fosso, e dali nascesse a piscina do Balneário. Aquela jaboticabeira tombada levava na sua morte um pouco dos meus sonhos. Mas sonhos são refeitos, são paridos pela imaginação fértil e pueril nas almas dos poetas. E por falar em poesia, quantas vezes li o livro Sol Partido. Confesso-te amigo: foi através dele que a poesia tomou conta do meu ser, agigantando-se pela mente, para depois escorrer livre e solta ao papel, pois no nosso tempo, no tempo da poesia em festa, fazíamos poesia até no papel almaço das quitandas, como a de Boto aí na Pitanga.
Os olhos, confesso-te agora, estão mareados por tantas lembranças. Lembranças de um tempo sem datas, onde era permitido ser feliz ao lado da sua linda família. Lembranças de Lucas “O PERIGOSO” o galante conquistador das cidades do Recôncavo. A fama corria longe, sempre como um Sancho, fiel escudeiro do Galante Quixote, as vezes sobrava uma das suas conquistas para mim. Quantas noites não consolei damas inconsoláveis na Cabana do Pai Tomás, que chorosas abriam o peito apaixonadas pelo galante cavalheiro do Passat branco.
Lembranças das histórias, ou estórias de Alemão Bulangê, seus truques, suas arruaças, suas conquistas capitaneadas pelos olhos verdes. Até hoje quando volto a Cachoeira expresso na minha saudação: Fala Alemão Bulangê! E ele me diz saudoso, você é um dos raros que me chamam assim.
Saudade da Alcatéia que tive a honra de ser campeão. Lembro-me que naquele time de feras só quem não fazia parte da família Lobo era eu, Balainho, Jairinho e Zé Augusto. Lembra-se do gol de bicicleta dele na final contra a Holanda? Só foi a única coisa boa que fez no futebol, mas tinha que ser na Alcatéia. Pena que um ano antes perdemos a final para a mesma Holanda devido a teimosia de Duda em ser escalado como goleiro. Confesso-te amigo estava em melhor fase do que ele. Mas perdemos com um tiro de meta batido por Evandro Gomes, e que o cabeçudo do Duda aceitou. Lembranças amigo, lembranças...
Lembranças de Cacai a socar os livros da biblioteca nos seus treinos de lutas marciais. Não entendia seu comportamento, mas amava ouvir os seus casos, suas histórias e seu amor pela terra. Lembro-me que o primeiro cacau que chupei foi tirado de uma pequena plantação próxima ao velho engenho, plantada pelo mesmo.
Lembranças dos conselhos sábios de Silvinha, quando meu ímpeto revolucionário queria mudar o mundo. Como sonhava, como queria uma sociedade justa, sem males, desavenças, decepções. Silvinha encarava-me mostrando-me nas palavras que a utopia de um mundo melhor escorria na minha fantasia por mudanças. Ganhei em junho de 1981 um poema seu, feito em minha homenagem em que expressavas assim: Nos teus olhos, a clareza ingênua do lendário Dom Quixote. Sonhava amigo, era ainda dado a sonhar por pátria, por pão, por condições melhores ao nosso povo.
As lembranças voltam e vejo Iza nos recitais de poesia, na praça Dr. Milton tocando “foi com medo de avião que segurei pela primeira vez na sua mão”. Nas noites frias de Cachoeira sua voz ganhava força adentrando as ruelas centenárias, fazendo-nos sonhar os pueris sonhos da mocidade. Lembranças poeta, lembranças...
Lembranças de Glória, sua irmã caçula, colega de magistério. As notas eram as melhores, a aplicação sem fim. E as flanelogravuras que Bárbara (Binha) fazia para que eu pudesse passar nas aulas de Silvinha. Não tinha tais dons e sempre encontrava na sua sobrinha o auxílio necessário para avançar nos anos vividos no Colégio Estadual da Cachoeira. O curioso é que Silvinha sempre me dizia: Conheço estas figuras, já vi alguém fazendo. Ria com os olhos verdes e sempre me dava as notas necessárias.
Paro por aqui, senão escreverei um livro só de lembranças. Mas tenha certeza caro amigo e irmão, muito do que sou hoje, da formação intelectual obtida na minha vida, nasceu na biblioteca do seu saudoso pai. Muito da formação moral aprendi pelos conselhos e exemplos da sua linda família, e posso orgulhar-me de ter amigos como os LOBOS, e que me adotaram como um irmão nesta alcatéia de saber e dignidade.
Com o coração saudoso pelas lembranças,
PAULO CÉSAR MATOS MACHADO
São João ( saudades de Nelson Lobo)
Ouço os fogos
a espoucar
e ja não tenho coragem
de explodir!
Acho que me esquecí
ou pelo menos, finjo.
Se não mais existes
qual o encanto
dos clarões noturnos ...?
Chuva de prata,
dos perigos...
Por quem mostrar valentia
e encarar o risco
de queimar as mãos ?
Se não mais existes,
qual o sentido
das fogueiras, da madeira ardendo
e o calor do braseiro,
se não mais existes ?!
Qual a alegria
de anoitecer - 23 de junho,
se ja não chegas
com o pacote imenso
e ja não repartes
ás mãos cheias
a transbordar de fogos ?
Agora o dia
que eu mais esperava no ano
me parece igual aos outros...
Ja não é especial
morreu-me o disparar
do coração desabrido,
o son junino nos ouvidos,
o gosto da canjica e bolo,
da cana e do milho,
e o sabor sem igual
do licor escondido...
Morreu-me as luzes do céu,
o balão perdido,
moreu-me tudo...
Sinto o cheiro da pólvora
entranhante e vivo
e te vejo sorrindo....
promessas, folguedos
e me vejo feliz
jogandop "cobrinhas"
a reus pés imóveis...
De Iza Lobo - por volta dos idos de 1990
a espoucar
e ja não tenho coragem
de explodir!
Acho que me esquecí
ou pelo menos, finjo.
Se não mais existes
qual o encanto
dos clarões noturnos ...?
Chuva de prata,
dos perigos...
Por quem mostrar valentia
e encarar o risco
de queimar as mãos ?
Se não mais existes,
qual o sentido
das fogueiras, da madeira ardendo
e o calor do braseiro,
se não mais existes ?!
Qual a alegria
de anoitecer - 23 de junho,
se ja não chegas
com o pacote imenso
e ja não repartes
ás mãos cheias
a transbordar de fogos ?
Agora o dia
que eu mais esperava no ano
me parece igual aos outros...
Ja não é especial
morreu-me o disparar
do coração desabrido,
o son junino nos ouvidos,
o gosto da canjica e bolo,
da cana e do milho,
e o sabor sem igual
do licor escondido...
Morreu-me as luzes do céu,
o balão perdido,
moreu-me tudo...
Sinto o cheiro da pólvora
entranhante e vivo
e te vejo sorrindo....
promessas, folguedos
e me vejo feliz
jogandop "cobrinhas"
a reus pés imóveis...
De Iza Lobo - por volta dos idos de 1990
Opera da melancolia em dó menor
Em dia de solidão e contemplação, nas plagas de Guanambí, em setembro de 1991
1º Movimento
O tempo passa... aos poucos envelheço.
Eu vou passar também,
e o mundo vai ficar,
pessoas vão continuar a viver
a sonhar, a sofrer...
O fim da tarde traz-me melancolia,
faz-me lembrar de vidas que ja não existem.
Como um lampejo. tudo passa nesse mundo,
e na encenação da vida , procuro tirar o máximo
do que minha alma anseia:
Paz, tranquilidade e o aconchego suave da mulher amada,
que me acolhe e me dá o espaço certo de minha liberdade
e mais, o amor de minha grande e bela família,
de uma mãe forte e amorosa que não sucumbe ao tempo,
a certeza de que seu amor me fortalece.
Meu pai ja se foi. Mas enganou a vida com os filhos que deixou,
além de um rastro de honra e coragem para ser seguido,
e irmãos e irmães na medida certa,
em proporçoes ideais de afeição e união
........................
Cacai Lobo - Guanambí, setembro de 1991.
Aguardem o Segundo Movimento
1º Movimento
O tempo passa... aos poucos envelheço.
Eu vou passar também,
e o mundo vai ficar,
pessoas vão continuar a viver
a sonhar, a sofrer...
O fim da tarde traz-me melancolia,
faz-me lembrar de vidas que ja não existem.
Como um lampejo. tudo passa nesse mundo,
e na encenação da vida , procuro tirar o máximo
do que minha alma anseia:
Paz, tranquilidade e o aconchego suave da mulher amada,
que me acolhe e me dá o espaço certo de minha liberdade
e mais, o amor de minha grande e bela família,
de uma mãe forte e amorosa que não sucumbe ao tempo,
a certeza de que seu amor me fortalece.
Meu pai ja se foi. Mas enganou a vida com os filhos que deixou,
além de um rastro de honra e coragem para ser seguido,
e irmãos e irmães na medida certa,
em proporçoes ideais de afeição e união
........................
Cacai Lobo - Guanambí, setembro de 1991.
Aguardem o Segundo Movimento
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
REFLEXÕES SOBRE O AMOR
Mahatma Gandhi certo dia falou. " O amor não é somente um estado negativo em que consiste em não fazer o mal, mas também um estado positivo que consiste em amar, em fazer o bem a todos, inclusive a quem faz o mal."
Reflito sobre a profundidade da fala deste grande homem. Tomo para mim o objetivo de abraçar este príncípio maior com cada vez mais intensidade. É claro que jamais me ombrearei a Gandhi - homem singular. Mas perseguirei seus ensinamentos essencialmente sobre o amor (" ahimsa " em língua indiana).
Creio firmemente que não há nada mais importante na vida que o amor. Amor total. O amor é o sentimento que pode combater, amainar ou até em última instância, eliminar ( virtude de pouquíssimos) outros sentimentos não virtuosos.
Como combater o ódio, a ira, o egoismo ?
Como deixar fluir o impulso do perdão, da compreenção ?
Como enfrentar a necessidade do sacrifício, o império da perda ?
Na vida de qualquer pessoa, seja ela de qualquer nacionalidade , credo, raça, situação social ou financeira e faixa etária, convivem e se degladiam no dia a dia, intensa mistura de sentimentos naturais e natos do ser humano, que se misturam, que se confundem e que impulsionam as ações e reações do ser humano em diferentes direções e diferentes intensidades. A dor e o prazer estão sempre presentes e não são diferentes. O diferencial é o que Cristo, no magnífico " Sermão da Mantanha " falou: " O reino de Deus está dentro de vós" . Isto quer dizer que o amor está dentro de nós, porque Deus, em última análise representa amor. É o amor que pode suavizar as dores e impor limites aos prazeres. É o amor que nos confortará a alma quando tomada de dúvidas e sobrecarregada de conflitos . É o amor que nos dirá que o sacrifício tem um objetivo divino , altruísta e consequentemente prazeiroso. Somente o amor nos indicará que o prazer não se encontra nos gozos efêmeros, mas no bem estar permanente.
Vivamos, portanto, o amor, cada vez mais o amor.
Paulo Lobo
Reflito sobre a profundidade da fala deste grande homem. Tomo para mim o objetivo de abraçar este príncípio maior com cada vez mais intensidade. É claro que jamais me ombrearei a Gandhi - homem singular. Mas perseguirei seus ensinamentos essencialmente sobre o amor (" ahimsa " em língua indiana).
Creio firmemente que não há nada mais importante na vida que o amor. Amor total. O amor é o sentimento que pode combater, amainar ou até em última instância, eliminar ( virtude de pouquíssimos) outros sentimentos não virtuosos.
Como combater o ódio, a ira, o egoismo ?
Como deixar fluir o impulso do perdão, da compreenção ?
Como enfrentar a necessidade do sacrifício, o império da perda ?
Na vida de qualquer pessoa, seja ela de qualquer nacionalidade , credo, raça, situação social ou financeira e faixa etária, convivem e se degladiam no dia a dia, intensa mistura de sentimentos naturais e natos do ser humano, que se misturam, que se confundem e que impulsionam as ações e reações do ser humano em diferentes direções e diferentes intensidades. A dor e o prazer estão sempre presentes e não são diferentes. O diferencial é o que Cristo, no magnífico " Sermão da Mantanha " falou: " O reino de Deus está dentro de vós" . Isto quer dizer que o amor está dentro de nós, porque Deus, em última análise representa amor. É o amor que pode suavizar as dores e impor limites aos prazeres. É o amor que nos confortará a alma quando tomada de dúvidas e sobrecarregada de conflitos . É o amor que nos dirá que o sacrifício tem um objetivo divino , altruísta e consequentemente prazeiroso. Somente o amor nos indicará que o prazer não se encontra nos gozos efêmeros, mas no bem estar permanente.
Vivamos, portanto, o amor, cada vez mais o amor.
Paulo Lobo
terça-feira, 1 de novembro de 2011
Ópera da Cachoeira em dó maior
1o Movimento:
Pai, ja viste esta Cidade assim,
vazia , inerte , desgovernada,
tal ancião sofrido
de lepra dilecerado ?
São os últimos fulgores de luz
que se vislumbram com sóis,
são últimos sopros de vida
que respiram seus heróis....
Pai, ja viste esta Cidade assim
se abraçando com o torpor,
despertando sombrias praças
no auge do temor ?
São adormecidos fantasmas
que agora passeia lá,
são resquícios de sussuros
de sepulcro secular...
Pai, ja viste essa Cidade assim
tal pesadelo cruel,
ja reparaste nas sombras tristes
que escurecem até o céu ?
São as trevas da vergonha
que suas serras encondem em vão
são misérias e os desafetos
que confundem na escuridão...
Pai, ja viste esta Cidade assim,
torturada, só - um deserto horrendo!
Se dantes havia luz,
hoje o sol, sepulta-se morrendo.
São as mágoas transparentes
que dantes jamais se via,
são choros de crianças
que dantes não se ouvia...
Pai, ja viste essa Cidade assim,
quadro de horrenda inspiração,
o povo, o sonho, o abandono,
a fé morta, os homens sem razão ?
São esperanças que sucumbem
em vendaval de devastação
são gemidos foribundos
que se fazem ouvir em vão...
Pai, ja viste essa Cidade assim,
trôpega em dantesca festa,
sombras de mortos volteiam
em lúgrube orgia, ao som de seresta ?
São os fantasmas errantes
que alí se acamparam,
são os sacerdotes da agonia
que na Cidade se instalaram....
...............
Fim do 1o Movimento. Aguardem o 2o .
Paulo Lobo
Pai, ja viste esta Cidade assim,
vazia , inerte , desgovernada,
tal ancião sofrido
de lepra dilecerado ?
São os últimos fulgores de luz
que se vislumbram com sóis,
são últimos sopros de vida
que respiram seus heróis....
Pai, ja viste esta Cidade assim
se abraçando com o torpor,
despertando sombrias praças
no auge do temor ?
São adormecidos fantasmas
que agora passeia lá,
são resquícios de sussuros
de sepulcro secular...
Pai, ja viste essa Cidade assim
tal pesadelo cruel,
ja reparaste nas sombras tristes
que escurecem até o céu ?
São as trevas da vergonha
que suas serras encondem em vão
são misérias e os desafetos
que confundem na escuridão...
Pai, ja viste esta Cidade assim,
torturada, só - um deserto horrendo!
Se dantes havia luz,
hoje o sol, sepulta-se morrendo.
São as mágoas transparentes
que dantes jamais se via,
são choros de crianças
que dantes não se ouvia...
Pai, ja viste essa Cidade assim,
quadro de horrenda inspiração,
o povo, o sonho, o abandono,
a fé morta, os homens sem razão ?
São esperanças que sucumbem
em vendaval de devastação
são gemidos foribundos
que se fazem ouvir em vão...
Pai, ja viste essa Cidade assim,
trôpega em dantesca festa,
sombras de mortos volteiam
em lúgrube orgia, ao som de seresta ?
São os fantasmas errantes
que alí se acamparam,
são os sacerdotes da agonia
que na Cidade se instalaram....
...............
Fim do 1o Movimento. Aguardem o 2o .
Paulo Lobo
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