terça-feira, 31 de julho de 2012

Cachoeira - Ópera da Cidade em Dó maior

8o  Movimento:

A porta estava fechada
o cadeado balançava indolente
mas, perto ao chão, bem rente
por uma fresta ,  a luz filtrava...

Uma tabuleta velha pregada á porta
dizia num último alento: - Mudou-se ,
Restava a casa como morta
como quem no seu proprio túmulo fechou-se...

Nem o sol, ou a lua quando noite
fazia brilar sua carcomida fachada.
O orvalho, indiferente,  beijava a porta fechada
e resvalava líquido, sob o vento em acoite...

E sob o olhar de uma gente muda
impotente e fraca pelo revés da sorte
corria o gemido dessa gente surda
que via na casa sua própria morte...

 Entretant, pela fresta, ao rés do chão
num último apelo  de esperânça
inda penetrava o sol qual desvalida criânça
pálido e medroso, tentando em vão...

A porta estava fechada
a casa, tal um fantasma, morta e vazia
a cidade um grande túmulo, e comportava
vastas histórias de gloriosos dias...

A velha casa ainda buscava,
ja morta, ser história gloriosa.
E, uma velha placa, enferrujada
lembrava ainda orgulhosa:
Ana Nery,  aqui morava...!

Nenhum comentário:

Postar um comentário