quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Coisas de Minha Mãe Odete

Com todo amor é que volto a escrever.

As vezes me desanimo.   O acúmulo de preocupações que me confunde muito, faz faltar-me as idéias.

Mas, o incentivo de Iza que me pede para não deixar de escrever, me dá força e  emoção, e retorno a rabiscar aquilo que se passa no meu interior.

E assim começo...

Quando moça, sadia, forte e cheia de esperânça no futuro, trabalhando como funcionária dos Correios onde trabalhei por 28 anos, ao encerrar mais um dia de trabalho, chegando em casa. após seis horas de labor, o lar para mim era um verdadeiro paraíso. 

Imaginemos a cena:

Na tradicional mesa forrada de fórmica vermelha, tendo em cada lado um banco de madeira, sentado á cabeceira, o mei inesquecível Nelson.   Lembro-me que eu nunca sentava.  Servia a todos em volta da mesa e assim ficava sempre por último.  Via diante de mim os rostos alegres dos meus 14 filhos, do meu querido companheiro.

Trocando sorrisos cheios de amor e carinho, relatávamos uns aos outros os acontecimentos do dia a dia.   Depois surgiam as célebres anedotas, história geral e muitas coisas importantes para aqueles garotos e as meninas que boquiabertos escutavam o Papai tão dedicado aos filhos.

É nessa hora que ficamos livres de todo o peso sobre os nossos ombros, e eu me sentia consolada, reconfortada e curada do cansaço de um dia inteiro de trabalho, graças ao ambientede liberdade e descontração.  As palavras carinhosas dos meus familiares era o alimento que revigorava nosso corpo.  Esse era o quadro de um lar feliz !   Não havia televisão e o tempo sobrava para a reunião familiar.  E como era importante a presença dos pais diariamente com os seus ensinamentos!

Os anos passam, enrruga o rosto, renuncia ao ideal e erruga a alma.

As preocupações , as dúvidas, os temores, os desesperos e  as decepções são os inimigos que lentamente nos inclinam para a terra e nos torna pó antes mesmo da morte.    Ser jovem é aquele que se admira, que se maravilha, que desafia os acontecimentos e encontra alegr no jogo da vida.

Somos tão jovens quanto a nossa fé, tão velho quanto o nosso desânimo...

Se algum dia o meu coração for atacado pelo peso dos anos, pela tristeza, pelo desãnimo, pedirei a Deus que leve a tristeza de mim e não entregue mais a ninguém, e , que Deus se compadeça da minha alma de velho...

Odete Fraga Lobo
1992.


 

Oração à serenidade

Reflitamos:


"Concedei-nos Senhor
a serenidade necessária
para aceitar as coisas
que não podemos modificar;
Coragem para modificar aquela que podemos
e sabedoris para distinguir uma da outra..."

Ópera de Cachoeira em Dó Maior

Quarto movimento.

Nas praças, a letargia tumular
de quem ja cedeu a vida...
Ja não há colibrís coloridos
voando na avenida
ladeada de jardins...

Agora, no "Faquir " goteja
o orvalho entristecido...
E os sobrados seculares
empoeirados, envelhecidos
como espéctros sombreiam
os becos esquecidos...

Um rio sonolento e calmo
renitente, moteja sombrio...
Carcaças de antigos saveiros,
negros velhos canoeiros
ainda sonham ás margebs do rio...

É a sombra da desgraça
que por alí desceu...
é o sonho de toda gente
que naquelas margens morreu...
E agora, funesto destino
toda a Cidade enlutou
e a beleza que remanescia
a miséria sepultou...

Quem vê a Cidade assim
vergastada pelo tempo,
sente na pele o arrepio
do frio úmido do vento...
estremece sem esperança,
queda-se em torpor
e na solidão se remança
dominada pelo horror...

Acorda Cidade !  acorda !!
deste sono secular ...
Acorda ! desfaz o frio leito
d'onde foste dormitar...
Ergue-te do sepulcro
prá tí não é insulto
em tal leito se acomadar ?


Paulo Lobo

Construindo a felicidade - Reflexões filosóficas - Parte I

Sábado passado, na casa do mano Cacai, após o almoço e de barriga cheia,  em hora de cesta na vasta varanda, eu, Cacai, Yuri, Gabriel e Marcus Lobo discorría-mos entre outros temas , o que nos trás ou dá felicidade.   Logicamente, não houve concordância.   As divergências de idéias e entendimentos foi o que predominou.  Ganhou ênfase e maior ocolhimento a tese defendida por Cacai  que  cada pessoa tem o direito de buscar sua propria felicidade, fazendo aquilo que gosta sem se importar com preceitos ou dógmas sociais.   A vontade pessoal ou instintiva deverá se sobrepor a qualquer tipo de sacrifício ou diciplina.   Citou exemplos de pessoas que na busca do prazer  ou tomado de paixão, se entrega a eles sem pensar ou dar importâncias a possiveis decepções ou sofrimentos futuros.  O que vale  é a satisfação  do agora.       Eu fui o pomo da discórdia desta tese.   Fui voto vencido.

Durante a semana, muitas vezes refleti sobre o tema.  Avivei leituras e memórias, vislumbrei exemplos, ponderei sobre conclusões e aconselhamentos...

O tema felicidade e como ser feliz é extremamente profundo e complexo.   É um dos pilares da filosofia.    Ha milhares de anos que filósofos, penssadores, cientistas e escritores de todo naipe, se debruçam sob o tema.  

Ha muitos anos , eu, pessoalmente, busco incessantemente respostas e afirmações sobre a minha própria felicidade .  As vezes penso me aproximar , outras me debato em dúvidas.   Entretanto, no geral,  ja consigo adotar e firmar alguns conceitos que julgo importantes e a partir deles , na prática, tem me trazido resultados que considero bons,  muito bons para mim.

Do debate de muitos pensadores e filósofos,  tenho firmado e adotado conceitos sobre felicidade, que unidos e abraçados, deixam parir um caminho absolutamente fértil para o bem estar pessoal, que na essência é a felicidade que todos buscamos.

Há anos atrás adotei como paradígma básico ensinamento do célebre filósofo alemão Shopenhauer : - "Felicidade é ausência de conflito".     Discorre o filósofo, que o homem é gradualmente mais feliz na exata inversão das situações de conflito.  Quanto menos conflito menos infeliz o homem seria.  Para ele não existe felicidade porque esta so seria possível com a ausência total do conflito e tal condição é de todo impossível ao homem, em razão de sua propria natureza.

Passei então a buscar incessantemente diminuir ás áreas de comflitos interpessoais,  sociais,  empresariais  e profissionais e mais intimamente os de natureza estritamente pessoal.

Observei nos meus estudos e leituras,  que quase a totalidade dos filósofos, pelo menos os que lí e leio, tem por base para a felicidade  o conhecimento de sí proprio.  O auto conhecimento,  efetivamente é o primeiro caminho para a maior de todas as conquistas - a felicidade.      

Lá atrás , o Imperador Romano Marco Aurélio, pai do desnaturado imperador Cômodo, que morreu no ano de 180 depois de Cristo  ensinava:   " Bastar-se a si mesmo. Ter serenidade."    Mais atrás ainda, em atenas , antes de Cristo, Epicteto ensina que o auto conhecimento pode levar ao domínio das paixões e emoções e é necessário que  se harmonize com conhecimento da natureza.

Aprendí depois que o auto conhecimento, deriva do conhecimento das emoções que todo ser humano possui.   Inicialmente temos que ter conhecimento e analizar as nossas proprias emoções,  para determinar o grau de intensidade de cada uma.   São tantas emoções ( como diria hodiernamente Roberto Carlos).   Amor e ódio, gratidão e inveja, generosidade e avareza,  perdão em rancor,  cólera e serenidade, tolerância e ansiedade , paixão e bem querer ,  compaixão e maldade,  raiva e carinho, pena  e desprezo,  entre outros sentimentos subdivididos e embrulhados num amaranhado gigantesco. Descobri que cada pessoa humana possui em comum todas as emoções citadas, entretanto, de forma intrigante e engenhosa, o grau de intensiidade é diferenciado uma da outra.    Por tal razão as pessoas são diferentes na sua forma de ver, sentir, pensar , sonhar, amar, odiar etc.    Por isso não existem duas pessoas iguais,. Por isso existem pessoas  melhores e piores.  O certo, entretanto, por tais razões, ouso afirmar ,  é que não existem pessoas totalmente boas nem pessoas totalmente más.

Para compreender melhor e refletir sob tal situação, me debrucei cotidianamente sobre leitura dos grandes filósofos e pensadores de todas as épocas  a partir de Confúcio,  Epicteto,  Platão e por consequência Sócrates , Marco Aurélio,  Aristóteles, Spinoza,  Rousseau,  Shopenhauer, Voltaire, Descartes, Montaigne, Nietzsche, Humberto Rohden,  Gandhi ( os mais importantes para mim)  e hodiernamente Mandela ,  Michael J. Sandel  e  Augusto Cury, que apresentam explicações com base científicas a partir dos ensinamentos de observações  empíricas e metafísicas dos filósofos antigos .

Com fulcro no que aprendí e observei, em mais de vinte anos dedicados a leitura de filosofia e observações pessoais,  entendo atualmente,  que a felicidade se aproxima totalmente do domínio das paixões e da emoção.   Para tanto é necessário que se faça sacrifícios pessoais.    A busca da moderação que é a eliminação de todo tipo de exagero ,  vício e paixão, exige sacrifício e controle da vontade  e da ansiedade, que são elementos naturais no ser humano.   O que Gandhi ensina a respeito, é extremamente salutar:  en outras palavras , o sacrifício de agora, resultará no bem estar de amanhã.  E a felicidade nada mais é que uma prolongada sensação de bem estar.

Portanto,  o encontro habitual com o bem estar, exige do ser humano o domínio das paixões e dos vícios, o que muitas vezes exige grandes sacrifícios.    Para se adquirir a serenidade ,  a moderação,  necessáriamente, terá que ser como Mandela -  Capitão de sí mesmo.

Por tais motivos, ouso discordar de Cacai.    Uma pessoa que perde o controle sobre sí mesmo, a ponto de dar asas a sua vontade imediata e a seus impulsos de paixão,  tende a ferir-se e ferir alguém.   Ninguem pode ser feliz,  se em nome de uma paixão, um vício ou uma vontade imediata incontrolável, fere a sí mesmo e consequentemente  outras pessoas . 

Paulo Lobo   

Minha Mãe partiu

Minha mãe Odete partiu.     Foi-se no dia 16 de novembro de 2011 para uma viagem longíncua.   Foi-se para o céu, onde descansará eternamente.

Minha mãe Odete partiu daquí, deste planeta Terra, mas não morreu....  Minha mãe é imortal.  A Grande Camuse teria vergonha de sequer tocar-lhe a face com seu  dedo descarnado.   Não, minha mãe não poderia morrer porque sua alma é imortal !   Ela continua e continuará aqui, entre nós,  com seu sorriso doce, seu olhar macio, seus gestos de puro carinho, suas atitudes de grandioso amor.  Ela continuará nos  protegendo, refletindo paz,  nos contagiando com o significado do sacrifício e brilho da renúncia e da tolerância.    Ela jamais deixará de nos mostrar o caminho da virtude e do verdadeiro amor ...

Mesmo longe de teu abraço e do aperto de tua mão,  te carregarei sempre comigo no meu peito.  Tua lembrança percorrerá comigo todos os caminhos de minha vida, até que finalmente possa de abraçar por inteira na companhia de  Deus e dos Anjos.

Paulo Lobo

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Opera de Cachoeira em Dó Maior

Terceiro Movimento

Nesta cor transparente
espelho de tuas ruas orvalhadas
persigo viver...
Nesta avenida fria
muitos e mitos sucumbiram
pelo sonho que não vingou.
Nestes bancos de pedra, nestas praças
nestes rostos lívidos, sem graça
o meu sorriso vive ainda...

Neste meu jeito tímido e silente
dormita claras esperânças
em cálidas manhãs de setembro...
Nem em raros momentos de então
se escuta o Bem-Ti-Vi,
e perderam-se na amplidão
as cores vivas do arco-íris...

Nesta fuga de meu íntimo
pelo medo de te olhar
faz-se trevas os olhos meus
e emudece a aminha voz...
O vento ja passou
e dormes ao léu tal Orfeu embriagado
esquecido da luz
que um dia alí aportou...

Paulo Lobo
 

sábado, 26 de novembro de 2011

Caramba !!

Li entre surpresso e alegre um comentário  de minha nobre colega, amiga e irmã Carmem Dolores ( Carminha) sobre o poema dedicado a Cachoeira,  postado neste blog.

Caramba !   que bacana .   Fico imensamente feliz em ter Carminha como leitora dessas minhas "coisinhas".

Carmem Dolores é uma destas pessoas de quem não se esquece jamais.   Amiga marcante em minha vida pela sua inteligência, sensibilidade e o verdadeiro carinho que tem por mim e naturalmente tenho por ela.

As vezes demoro de encontrá-la, de vê-la.   Entretanto, como mágica, é como se ela es tivesse sempre presente  em minha vida.

Pois é Carmem Dolores, como esquecer as nossas serenatas na praça do correio, suas passadas rápidas na loja para um pequeno papo, os esbregues de meu velho e saudoso pai e você a me defender enfrentando-o bravamente... saudades do entardecer de Bom Jesus.    Tantas coisas tão presentes ainda.

Ah minha doce amiga, que bom lhe encontrar agora, bebendo suas palavras cheias de doces lembranças.

Muitos e muitos beijos.

Paulo Sérgio    

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Causos do Xí

Essa crônica Marcus Lobo , o famoso Xí, escreveu nos idos de 1992.

.......................

Quando éramos criânças, à noite, costumáva-mos brincar de " artista" , quando o meu Pai dava permissão.

Numa dessas noites, a brincadeira estava animada.   Lucas, Glória, Cacai e Paulinho ja haviam sido "rendidos".   A decisão estava entre eu e Iza.

No grande jardim da Pitanga eu me arrastava entre os " crotos" tentando me camuflar para conseguir uma aproximação de Iza e surpreendê-la.  Estava confiante que Iza ainda não havia percebido.   Ja bem próximo dela, aguardava apenas que aparecesse para eu "rendê-la".   Entretanto, eu é que fui surpreendido por ela.

Iza, ao perceber algo de suspeito atrás da "moita de croto", e para se certificar, jogou uma grande pedra que encontrou a minha cabeça como alvo.  Neste instante, ao me levantar com a cabeça encharcada de sangue, ouví o grito:   - Xí, se renda !!!.

Por Marcus Lobo ( Xí para os íntimos).

ÓPERA DA CACHOEIRA EM DÓ MAIOR

Segundo Movimento

Pai, devolva-me esta Cidade
viva, brilhante como outrora,
quero senti-la, como conta sua história,
não sonhar, quero acreditar
que ainda há luz por esses becos,
que ainda há vida por essas praças,
que ainda não morreram seus heróis
nem sucumbiram seus ideais....

Pai, devolva-me um pouco desta poesia
um pouco da pura harmonia
do canto dos velhos titães...
Quero essas ruas cheias e vivas,
quero essa gente desperta e ativa
construindo suas ilusões...
quero um amor de menina
estremecendo os corações...

Pai, devolva-me esta Cidade,
como contava meus avós...
devolva-me Pai, tenho pressa
o tempo urge e se dispersa
no caminho da devastação.
Tudo está tão velho Pai...
devolva-me um Rio límpido,
uma Cidade livre, brilhando na amplidão...

Pai, devolva-me esta Cidade,
suas cantigas nos arrebóis,
suas noites curtidas
no sossego dos lençóis...
quero tê-la Pai, inda moça
na sua eternidade infinita
quero tê-la inda bonita
no verde de seus quintais...

Pai, devolva-me esta Cidade
com sua gente orgulhosa
de singela vaidade...
Pai, quero tela de volta,
com o heroismo de sua gente
com justiça e sem revolta...
quero sentir no meu corpo
essa doida esperãnça, esse breve sopro...

Pai, devolva-me esta Cidade
ja não tão gasta, ja não tão velha,
fazei este Rio cobri-la, lavá-la,
despi-la das teias, limpa-la,
fazei revivê-la agora....
Pai, transforma sua história
livra-a da maldita escória
fazei brilhar uma nova aurora...

Pai, devolva-me uma Cidade,
de céu azul, de lua cheia
de gente alegre vivendo
não numa caricatura de aldeia...
Pai,  fazei sentir-se viva
ter dos sonhos uma certeza...
Pai, devolva-me esta Cidade logo,
retire-a da correnteza...

O Rio,  Pai,  corre, se alonga
negro e triste - testemunha muda
da dantesca destruição que alí ocorre.
Pai, de onde estás, acuda !  acuda!
a Cidade pouco a pouco morre...
Há um lamento, um sussuro sofrido
dessa gente que não se socorre.
Pai, devolva-me esta Cidade
como dantes, Heróica de verdade... 

Paulo Lobo

sábado, 12 de novembro de 2011


































O Vale das Cachoeiras - Nossa Pitanga amada

As fotos acima mostram a nossa velha Pitanga transformada no Vale das Cachoeiras.   Estamos preparando um local aprazível para acolher toda a Grande família Lopes Lobo.   Temos avançado bastante no nosso objetivo maior -  um Maravilhoso  ponto de encontro de toda a Grande Família Lopes Lobo.    Postarei em breve dias novas fotos atualizadas para que todos percebam o desenvolvimento positivo de nosso Vale.

Paulo Lobo









Familia LopesLobo

A Familia Lopes Lobo  se encontrou no Apto do Mano Nelsinho para celebração do amor contra as intempéries do destino.

Cunhadas e cunhadas

,Meus cunhados e cunhadas são maravilhosos.  Gosto de mais de todos eles.  Diferente apenas com relação a Marinez em razão da quase total ausência de convivência.  Entretanto, gosto dela através do amor que Roberval lhe devota.

No meu último aniversário, fui tomado pela emoção ao receber de minha cunhada Janete a quem tenho especial carinho, a seguinte mensagem:

" Paulinho

A amizade é o sentimento mais precioso do mundo, pois não se compra, não se pede, se conquista.

Se no mundo inteiro existisse 10% da populaçãocomo você, a humanidade estaria salva !

Feliz aniversário e que Deus, nosso Criador, Nossa Senhora, Jesus e todos os espíritos de luz lhe abençõe, lhe guarde , proteja , lhe ilumine e abra seus caminhos.

São os votos de uma cunhada que lhe tem muito amor, quase como o de uma mãe.

Beijos,

Janete."


Guardei o singelo bilhete no meu baú onde guardo aquilo que considero preciosidade.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Caro Elimar

É muito bom quando um cunhado é promovido a irmão.  É o caso de Elimar.  Não há na família uma única pessoa que não goste do " cabra macho gaúcho".    Sujeito de gosto simples, alegria contagiante e de espontaneidade quase pueril.  Devotado maridão de Glorinha e paizão do agitado "Dragão Negro".

É bom  ter voçê conosco meu irmão.   Fico feliz e tranquilo por saber que Glórinha tem a tua proteção, tua companhia , teu amor.

Paulo Lobo

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Tributo à Família Lobo - Por Paulo Matos

O amigo poeta Paulo Matos, que jogou na Alcatéia, homenageia nossa Família com um belíssimo texto.
Obrigado caro Poeta.   "Nos teus olhos poeta, a clareza ingênua do lendário Dom Quixote...."

  


Caro Poeta e Irmão PAULO LOBO,





A tecnologia tem uma coisa interessante: unir pessoas que estão longe pelos kilometros, mas eternizadas nas ações do passado que nos é relembrado. Descobri  seu blog pela rapidez na internet. Confesso-te que voltei ao passado, relembrando dias idos ao lado desta linda família Lobo. Tive a honra e prazer de passar tardes maravilhosas na Biblioteca do saudoso Nelson Lobo, lendo Alexandre Dumas, Victor Hugo, Humberto de Campos, entre outros. Como aprendi perdido entre os tantos livros nesta sala de saber. Aquietava-me, descobrindo nas páginas dos livros um mundo recortado pelas letras e trazido à minha realidade pela sapiência do velho Nelson. Só não encontrava lá os livros de Jorge Amado, aquele a quem foi dada a missão de podar os sonhos integralistas do grande Lobo.

Uma saudade enorme toma conta de mim ao lembrar-me da velha cajazeira com seus frutos amarelos a despencarem nas águas correntes do  Pitanga. Foram as melhores  cajás que chupei na vida. Eram como frutos de ouro doados todos os anos pela mãe natureza. E as jaboticabas? Cortou-me o coração quando o trator derrubou o último pé para que se abrisse um grande fosso, e dali nascesse a piscina do Balneário. Aquela jaboticabeira tombada levava na sua morte um pouco dos meus sonhos. Mas sonhos são refeitos, são paridos pela imaginação fértil e pueril nas almas dos poetas. E por falar em poesia, quantas vezes li o livro Sol Partido. Confesso-te amigo: foi através dele que a poesia tomou conta do meu ser, agigantando-se pela mente, para depois escorrer livre e solta ao papel, pois no nosso tempo, no tempo da poesia em festa, fazíamos poesia até no papel almaço  das quitandas, como a de Boto aí na Pitanga.

Os olhos,  confesso-te agora, estão mareados por tantas lembranças. Lembranças de um tempo sem datas, onde era permitido ser feliz ao lado da sua linda família. Lembranças de Lucas “O PERIGOSO” o galante conquistador das cidades do Recôncavo. A fama corria longe, sempre como um Sancho, fiel escudeiro do Galante Quixote,  as vezes sobrava uma das suas conquistas para mim. Quantas noites não consolei damas inconsoláveis na Cabana do Pai Tomás, que chorosas abriam o peito apaixonadas  pelo galante cavalheiro do Passat branco.

Lembranças das histórias, ou estórias de Alemão Bulangê, seus truques, suas arruaças, suas conquistas capitaneadas pelos olhos verdes. Até hoje quando volto a Cachoeira expresso na minha saudação: Fala Alemão Bulangê! E ele me diz saudoso, você é um dos raros que me chamam assim.

Saudade da Alcatéia que tive a honra de ser campeão. Lembro-me que naquele time de feras só quem não fazia parte da família Lobo era eu, Balainho, Jairinho e Zé Augusto. Lembra-se do gol de bicicleta dele na final contra a Holanda? Só foi a única coisa boa que fez no futebol, mas tinha que ser na Alcatéia. Pena que um ano antes perdemos a final para a mesma Holanda devido a teimosia de Duda em ser escalado como goleiro. Confesso-te amigo estava em melhor fase do que ele. Mas perdemos com um tiro de meta batido por Evandro Gomes, e que o cabeçudo do Duda aceitou. Lembranças amigo, lembranças...

Lembranças de Cacai a socar os livros da biblioteca nos seus treinos de lutas marciais. Não entendia seu comportamento, mas amava ouvir os seus casos, suas histórias e seu amor pela terra. Lembro-me que o primeiro cacau que chupei foi tirado de uma pequena plantação próxima ao velho engenho,  plantada pelo mesmo.

Lembranças dos conselhos sábios de Silvinha, quando  meu ímpeto revolucionário queria mudar o mundo. Como sonhava, como queria uma sociedade justa, sem males, desavenças, decepções. Silvinha encarava-me mostrando-me nas palavras que a utopia de um mundo melhor escorria na minha fantasia por mudanças. Ganhei em junho de 1981 um poema seu, feito em minha homenagem em que expressavas assim: Nos teus olhos, a clareza ingênua do lendário Dom Quixote. Sonhava amigo, era ainda dado a sonhar por pátria, por pão, por condições melhores ao nosso povo.

As lembranças voltam e vejo Iza nos recitais de poesia, na praça Dr. Milton tocando “foi com medo de avião que segurei pela primeira vez na sua mão”. Nas noites frias de Cachoeira sua voz ganhava força adentrando as ruelas centenárias, fazendo-nos  sonhar os pueris sonhos da mocidade. Lembranças poeta, lembranças...

Lembranças de Glória, sua irmã caçula, colega de magistério. As notas eram as melhores, a aplicação sem fim. E as flanelogravuras que Bárbara (Binha) fazia para que eu pudesse passar nas aulas de Silvinha. Não tinha  tais dons e sempre encontrava na sua sobrinha o auxílio necessário para avançar nos anos vividos no Colégio Estadual da Cachoeira. O curioso é que Silvinha sempre me dizia: Conheço estas figuras, já vi alguém fazendo. Ria com os olhos verdes e sempre me dava as notas necessárias.

Paro por aqui, senão escreverei um livro só de lembranças. Mas tenha certeza caro  amigo e irmão, muito do que sou hoje, da formação intelectual obtida na  minha vida, nasceu na biblioteca do seu saudoso pai. Muito da formação moral aprendi pelos conselhos e exemplos da sua linda família, e posso orgulhar-me de ter amigos como os LOBOS, e que me adotaram como um irmão nesta alcatéia de saber e dignidade.

Com o coração saudoso pelas lembranças,



PAULO CÉSAR MATOS MACHADO

São João ( saudades de Nelson Lobo)

Ouço os fogos
a espoucar
e ja não tenho coragem
de  explodir!
Acho que me esquecí
ou pelo menos, finjo.

Se não mais existes
qual o encanto
dos clarões noturnos ...?
Chuva de prata,
dos perigos...
Por quem mostrar valentia
e encarar o risco
de queimar as mãos ?

Se não mais existes,
qual o sentido
das fogueiras, da madeira ardendo
e o calor do braseiro,
se não mais existes ?!

Qual a alegria
de anoitecer - 23 de junho,
se ja não chegas
com o pacote imenso
e ja não repartes
ás mãos cheias
a transbordar de fogos ?

Agora o dia
que eu mais esperava no ano
me parece igual aos outros...
Ja não é especial
morreu-me o disparar
do coração desabrido,
o son junino nos ouvidos,
o gosto da canjica e bolo,
da cana  e do milho,
e o sabor sem igual
do licor escondido...
Morreu-me as luzes do céu,
o balão perdido,
moreu-me tudo...

Sinto o cheiro da pólvora
entranhante e vivo
e te vejo sorrindo....
promessas, folguedos
e me vejo feliz
jogandop "cobrinhas"
a reus pés imóveis...

De Iza Lobo - por volta dos idos de 1990

Opera da melancolia em dó menor

Em dia de solidão e contemplação, nas plagas de Guanambí, em setembro de 1991


1º   Movimento

O tempo passa...  aos poucos envelheço.
Eu vou passar também,
e o mundo vai ficar,
pessoas vão continuar a viver
a sonhar,  a sofrer...

O fim da tarde traz-me melancolia,
faz-me lembrar de vidas que ja não existem.
Como um lampejo. tudo passa nesse mundo,
e na encenação da vida , procuro tirar o máximo
do que minha alma anseia:
Paz, tranquilidade e o aconchego suave da mulher amada,
que me acolhe e me dá o espaço certo de minha liberdade
e mais, o amor de minha grande e bela família,
de uma mãe forte e amorosa que não sucumbe ao tempo,
a certeza de que seu amor me fortalece.

Meu pai ja se foi.  Mas enganou a vida com os filhos que deixou,
além de um rastro de honra e coragem para ser seguido,
e irmãos e irmães na medida certa,
em proporçoes ideais de afeição e união

........................

Cacai Lobo - Guanambí, setembro de 1991.

Aguardem o Segundo Movimento

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

REFLEXÕES SOBRE O AMOR

Mahatma Gandhi certo dia falou.   " O amor não é somente um estado negativo em que consiste em não fazer o mal, mas também um estado positivo que consiste em amar, em fazer o bem a todos, inclusive a quem faz o mal."

Reflito sobre a profundidade da fala deste grande homem.  Tomo para mim o objetivo de abraçar este príncípio maior com cada vez mais intensidade. É claro que jamais me ombrearei a Gandhi - homem singular.   Mas perseguirei seus ensinamentos essencialmente sobre o amor (" ahimsa " em língua indiana).

Creio firmemente que não há nada mais importante na vida que o amor.  Amor total. O amor é o sentimento que pode combater,  amainar ou até em última instância, eliminar ( virtude de pouquíssimos)  outros sentimentos não virtuosos.

Como combater o ódio, a ira, o egoismo ?

Como deixar fluir o impulso do perdão, da compreenção ?

Como enfrentar a necessidade do sacrifício, o império da perda ?

Na vida de qualquer pessoa, seja ela de qualquer nacionalidade , credo, raça, situação social ou financeira e  faixa etária, convivem e se degladiam no dia a dia,  intensa mistura de sentimentos naturais e  natos do ser humano,  que se misturam, que se confundem e que impulsionam as ações e reações do ser humano em diferentes direções e diferentes intensidades.    A dor e o prazer  estão sempre presentes e não são diferentes.   O diferencial é o que Cristo, no magnífico " Sermão da Mantanha "  falou:  " O reino de Deus está dentro de vós" .      Isto quer dizer que o amor está dentro de nós, porque Deus, em última análise representa  amor.  É o amor que pode suavizar as dores e impor limites aos prazeres.  É o amor que nos confortará a alma quando tomada de dúvidas e sobrecarregada de conflitos . É o amor que nos dirá que o sacrifício tem um objetivo divino , altruísta e consequentemente prazeiroso.    Somente o amor nos indicará que o prazer não se encontra nos gozos efêmeros, mas no bem estar permanente. 

Vivamos, portanto, o amor, cada vez mais o amor.

Paulo Lobo

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Ópera da Cachoeira em dó maior

1o  Movimento:

Pai, ja viste esta Cidade assim,
vazia , inerte , desgovernada,
tal ancião sofrido
de lepra dilecerado ?
São os últimos fulgores de luz
que se vislumbram com sóis,
são últimos sopros de vida
que respiram seus heróis....

Pai, ja viste esta Cidade assim
se abraçando com o torpor,
despertando sombrias praças
no auge do temor ?
São adormecidos fantasmas
que agora passeia lá,
são resquícios de sussuros
de sepulcro secular...

Pai, ja viste essa Cidade assim
tal pesadelo cruel,
ja reparaste nas sombras tristes
que escurecem até o céu ?
São as trevas da vergonha
que suas serras encondem em vão
são misérias e os desafetos
que confundem na escuridão...

Pai, ja viste esta Cidade assim,
torturada, só - um deserto horrendo!
Se dantes havia luz,
hoje o sol, sepulta-se morrendo.
São as mágoas transparentes
que dantes jamais se via,
são choros de crianças
que dantes não se ouvia...

Pai, ja viste essa Cidade assim,
quadro de horrenda inspiração,
o povo, o sonho, o abandono,
a fé morta, os homens sem razão ?
São  esperanças que sucumbem
em vendaval de devastação
são gemidos foribundos
que se fazem ouvir em vão...

Pai, ja viste essa Cidade assim,
trôpega em dantesca festa,
sombras de mortos volteiam
em lúgrube orgia, ao som de seresta ?
São os fantasmas errantes
que alí se acamparam,
são os sacerdotes da agonia
que na Cidade se instalaram....
...............

Fim  do 1o Movimento.   Aguardem o 2o .

Paulo Lobo